Manoel de Barros

Um expoente da cultura sul-mato-grossense, Manoel de Barros é a principal referência atemporal do Estado para o Brasil e para o mundo. Seu primeiro livro de poesia, de 1937, “Poemas concebidos sem pecado”, foi publicado em edição artesanal. Publicou mais de20 livros, diversos deles traduzidos em várias línguas. Sua obra foi coroada por muitos prêmios; entre eles, em 2012, o Prêmio de Literatura da Casa da América Latina, de Portugal, pelo livro “Poesia Completa”, e o Prêmio Jabuti, em 2000, pela Câmara Brasileira do Livro, que é a premiação mais tradicional da literatura brasileira. Representante da chamada “Geração de 45”, da terceira fase do modernismo brasileiro, construiu uma linguagem inovadora, que chegou ao limite da agramaticalidade, cheia de neologismos e, ao mesmo tempo, remetendo a língua portuguesa às suas raízes mais profundas. Em 2013, escreveu seu último poema, A turma:

“(...) Eu gostava das águas indormidas./A gente queria encontrar a raiz das palavras./ Vimos um afeto de aves no olhar de Bernardo./ Logo vimos um sapo com olhar de árvore!/Ele queria mudar a Natureza?/Vimos depois um lagarto de olhos garços beijar as pernas da Manhã!/ Ele queria mudar a Natureza?/Mas o que nós queríamos é que a nossa palavra poemasse.”