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Discurso do Reitor da UFPR
Ricardo Marcelo Fonseca |
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Quero cumprimentar a Excelentíssima Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Luciana Santos. Cumprimento a Vice-reitora da Universidade Federal do Paraná, Graciela Inês Bolzon de Muniz. Cumprimento o Presidente da SBPC, Professor Renato Janine Ribeiro. Cumprimento o Prefeito de Curitiba, Rafael Greca de Macedo. Cumprimento o Secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do nosso Estado do Paraná, o caro amigo Aldo Bona. Cumprimento a presidenta da CAPES, Mercedes Bustamante. Cumprimento o Presidente da FINEP, Ex-Ministro Celso Pansera. Cumprimento a Presidenta da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader. O presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig. Cumprimento o querido amigo Presidente do Conselho Nacional de Educação, Luiz Roberto Liza Cury, a representação do SEBRAE o Marcelo. Quero cumprimentar o queridíssimo presidente da ANPG, Vinícius Soares. Cumprimentar a extensão da mesa, na pessoa da presidenta recentemente empossada da UNE, a Manu. Quero cumprimentar cada um e cada uma nesse fabuloso teatro daqui de Curitiba.
Eu peço licença, em primeiro lugar, porque eu preciso fazer, como representante, Reitor da instituição anfitriã, alguns necessários agradecimentos e preciso dizer em primeiro lugar da importância da solidariedade que contamos com tantas instituições. As instituições federais aqui do Paraná todas comprometidas com esse evento, além da nossa Universidade Federal do Paraná anfitriã, a Tecnológica Federal do Paraná, a UNILA, o Instituto Federal do Paraná e a Universidade da Fronteira Sul.
Assim como preciso fazer o registro dos parceiros imprescindíveis do nosso sistema estadual de ciência e tecnologia e educação superior. Faço aqui esse registro público, caro Aldo, caro Ramiro, da importância da parceria que nós tivemos aqui na organização local da SETI, da Fundação Araucária e de todos os parceiros e parceiras das instituições estaduais de educação superior, às nossas universidades estaduais do Paraná, caros reitores e reitoras, que efetivamente, como já dito pelo nosso secretário, compõem um robustíssimo sistema de ciência e tecnologia aqui, no nosso estado. Preciso registrar ainda o agradecimento a quem estendeu a mão para nossa Universidade Federal do Paraná, aqui nessa organização. Ao Sebrae, ao Conselho da Arquitetura e Urbanismo, à Prefeitura de Curitiba, à Fiocruz, ao Pequeno Príncipe, ao MEC, por sua Secretaria de Educação Superior, ao SESC e agora, por último, a Nutrimental.
Eu preciso, necessariamente, também agradecer a todas as pessoas da nossa universidade, a Universidade Federal do Paraná, por todo o empenho. Senhoras e senhores, foram aproximadamente 400 pessoas que estavam diretamente envolvidas com a organização e a realização desse evento, desde o momento em que a UFPR foi escolhida para sediar essa 75ª Reunião Anual da SBPC. A todas as comissões, à organização da SBPC Jovem, Cultural, ao pessoal da infraestrutura, do alojamento, temos alojamentos para o pessoal das estaduais, para o pessoal da nossa universidade que vem dos campi do interior, alojamento pro pessoal do Brasil inteiro, ao pessoal da alimentação, ao pessoal da comunicação, ao pessoal das monitorias, ao pessoal da acessibilidade - que foi um ponto muito importante na nossa organização, temos as salas calmas, temos intérpretes em praticamente todos os momentos da nossa reunião anual, temos rotas acessíveis... Preciso agradecer nessa mesma esteira o envolvimento da nossa equipe, dos nossos pró-reitores, superintendentes, diretores e eu faço agradecendo uma pessoa da professora Graciela Ines Bolzon de Muniz, a vice-reitora, que é a presidente da comissão executiva local, bem como do nosso vice-presidente, o pró-reitor Rodrigo Arantes Reis.
Gente, eu preciso fazer esses agradecimentos. Então, me permitam ainda agradecer a todas as direções setoriais que estão aqui e que se empenharam tanto. Enfim, os grupos de pesquisa de extensão, que arregaçaram as mangas nesta organização, a nossa equipe do Gabinete e, por último, mas não menos importante, a todos os grupos artísticos da nossa universidade. Senhoras e senhores, isso que nós vimos aqui na abertura da nossa Reunião Anual foram os grupos artísticos da UFPR. Foi o grupo de dança Téssera, a nossa Companhia de Teatro, o nosso Coro, a nossa Orquestra Filarmônica, o nosso grupo de MPB... Realizando aqui, na frente de cada um e de cada uma, aquilo que nós dissemos em todo esse período de obscurantismo: que aqui, a universidade pública brasileira, é o lugar da ciência, é o lugar da reflexão, da formação, mas é também o lugar da cultura e da arte. E eu cumprimento cada um e cada um dos maestros, na pessoa do querido Pacheco da Companhia Téssera, porque, ministra Luciana, aqui nós temos um poeta curitibano, que na verdade que não nasceu em Curitiba, mas de alma e corpo curitibano, já falecido, meu poeta curitibano favorito, Paulo Leminski, que que num dos seus haicais, dizia com muita pertinência: “En la lucha de clases todas las armas son buenas, piedras, noches, poemas”. Parabéns aos artistas da nossa universidade, portanto.
Em segundo lugar, certamente, o Professor Renato Janine vai falar com mais detalhes da organização, mas eu preciso registrar a organização da parte da SBPC, que esse evento que efetivamente é um evento de divulgação científica da América Latina e que faz da nossa cidade o centro da ciência e tecnologia no Brasil e no continente, mas ela é muito mais do que isso. Nós teremos um diálogo e uma participação tremenda, para além do nosso meio acadêmico. Aqui na nossa SBPC Jovem, com apoio da nossa Secretaria Estadual de Educação e da Secretaria Municipal de Educação, querida secretária Maria Silvia, a presença de mais de 16 mil crianças, lá no nosso Centro Politécnico, para olhar como é que se faz ciência, para estar junto com o nosso pessoal da divulgação científica, porque nós estamos no momento do país em que é necessário que todos saibam, que o cientista não é aquele com o jaleco branco exótico, pensando em coisas que não interessa ninguém, mas, ao contrário, que a ciência é algo que tem a ver diretamente com as nossas vidas e para isso, essa dimensão da nossa SBPC Jovem, é absolutamente fundamental. Lá teremos mais de 130 estantes, museus, feiras de ciências, uma verdadeira usina de divulgação científica, assim como a nossa chamada SBPC Cultural, com os nossos grupos locais, com os grupos culturais e no sábado, também, com a ciência na família, que vai ser o último dia 29.
Devo dizer ainda que, essa semana, Curitiba será, caro Prefeito, o lugar onde ocorrerão reuniões dos tomadores de decisões principais da política de ciência, tecnologia e inovação no nosso país. Teremos aqui a reunião do conselho gestor do FNDCT, do Conselho da FINEP, do CNPQ, bem como, no final da semana, entre quinta e sexta-feira, a reunião do Pleno da ANDIFES - a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. Curitiba vai hospedar tudo isso.
Por fim, eu preciso dizer a cada uma e a cada um, é o seguinte, o Professor Renato, em vista da temática que foi escolhida de modo muito feliz pro nosso evento, Ciência e Democracia para um Brasil justo e desenvolvido, sempre fala da pertinência dele ser em Curitiba. A retomada da ciência, a retomada da democracia. O Professor Renato aludiu na entrevista Curitiba que tivemos conjuntamente na sexta-feira, sobre a República de Curitiba, aliás, aludiu a isso também no nosso encontro no Palácio do Planalto. É verdade, Curitiba tem as suas imensas contradições, como boa parte dos recantos do nosso país, mas me cabe aqui dizer que Curitiba é muito mais do que a República de Curitiba. Excede a chamada República de Curitiba, aqui nós somos a terra de Paulo Leminski, somos a terra de Helena Kolody, somos a terra de Dalton Trevisan, somos também a terra, e os Curitibanos entenderão, do Barcímio Sicupira, mas também do Dirceu Krüger, do Lela, do Alex, nós somos muito mais do que aquilo que, lastimavelmente, se viu nos últimos anos na divulgação aqui, desse espaço. Somos um lugar também de resistência. Se aqui nós tivemos o cárcere de Santa Cândida, também tivemos a vigília e o Acampamento Lula Livre.
A história de resistência e luta é antiga em Curitiba. Começa na greve dos sapateiros de 1906, na Greve Geral de 17, que o prefeito há de saber, explodiu a ponte sobre o Rio Belém, era o momento anarco-sindicalista, a Greve Geral de 1919, a primeira Conferência Nacional da Educação aconteceu em Curitiba em 1927. Vieram representações de 18 estados, imagine o que era isso em Curitiba de quase 100 anos atrás. Aqui, é sempre bom lembrar, aconteceu, no dia 12 de janeiro de 1984, o primeiro comício das Diretas Já do Brasil, que lotou a nossa Boca Maldita. Aqui aconteceu, nesse teatro, exatamente nesse palco, como do outro lado da Praça, no prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, que é o prédio símbolo da cidade de Curitiba, na sua faculdade de direito, aconteceu aqui, em 78, a sétima Conferência Nacional da OAB. A OAB, que na época era presidida por Raymundo Faoro, que tinha como tema, percebam em 1978, o Estado de Direito. Aqui, nesse teatro, nessa cidade, nessa Universidade, foram plantadas as sementes para Lei de Anistia, que viria a ser editada precisamente no ano seguinte, em 1979. Curitiba também é isso, porque, como diz um outro haicai de Paulo Leminski: “confira, tudo o que respira, conspira”.
Quero dizer ainda que Curitiba é o lugar da ciência. É o lugar de Nilton Freire Maia, de Glaci Zancan, que presidiu a SBPC, de Metri Bacila, cara Maria Silvia, é o lugar de Newton da Costa, César Lattes, é o lugar do nosso emérito Fábio Pedrosa, mas, sobretudo, Curitiba é o lugar da universidade mais antiga do Brasil, a Universidade Federal do Paraná, antes Universidade do Paraná, fundada em 1912. Estamos a caminho do nosso aniversário de 111 anos. Até o nosso Presidente, querida Ministra, costuma falar que a primeira universidade aconteceu nos anos 20, quando veio o príncipe da Bélgica. Eu pediria para Vossa Excelência, respeitosamente, mandar esse recado ao presidente, que a universidade mais antiga do Brasil é essa aqui e por quê? Porque ela funciona como um conjunto de cursos de maneira ininterrupta, ao contrário de outras instituições, de maneira ininterrupta desde 1912, e não é só a antiguidade que faz a história, a tradição e o orgulho dessa nossa universidade, mas é o fato de que nós não podemos pensar no nosso próprio estado, na sua expansão estrutural, na formação dos seus professores dos outros níveis de ensino, na nossa expansão agrária, na nossa saúde pública, porque nós temos o maior Hospital Público do Estado do Paraná, é o hospital escola da Universidade, o Hospital de Clínicas. Não podemos pensar em nada disso, portanto, sem essa instituição fundamental para todos os paranaenses. Aqui nós temos tanta ciência, aqui nós temos a produção de uma vacina, que só não ficou pronta no momento mais crítico da nossa pandemia, porque faltou financiamento e eu aqui, abro um parêntese ministra, para exaltar todas as verbas novas, desse Brasil Novo, que agora estão aqui acontecendo, como faço também o recado de todos os reitores das universidades federais, na medida em que eu presídio hoje a ANDIFES, no sentido que nós valorizamos o espaço do Ministério da Ciência e Tecnologia como estratégico dentro do governo e que não pode absolutamente ser objeto de barganha de nenhum tipo.
Uma universidade, portanto, que nesses quase 111 anos orgulha cada um e cada uma dos paranaenses e também orgulha o Brasil. Temos um Brasil novo e aí cabe um último haicai do nosso Paulo Leminski: “você para, a fim de ver o que te espera, só uma nuvem que separa das estrelas”.
Viva a ciência brasileira, que voltou, viva a SBPC e a sua 75ª Reunião Anual, viva a universidade pública brasileira, viva a Universidade Federal do Paraná.
Curitiba, 23 de julho de 2023.
Ricardo Marcelo Fonseca - Reitor da UFPR
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